quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A life about death is no life at all

Consciente ou inconscientemente a morte domina parte do nosso pensamento e a dúvida sempre em aberto é o que está depois de se desligar a tomada. Fica sempre o frio no estômago a pensar o que será depois para quem fica e para quem vai.

Num filme que peca por sabermos que ele era capaz de muito mais fica a certeza que poucos tratariam o tema com tanto respeito quanto Clint Eastwood o fez. Sem floreados, romances lindos ou certezas do que está para lá do que temos aqui Eastwood apresenta-nos um filme maduro em que os silêncios enchem o ecrã como só ele sabe fazer.

A abertura do filme e o estado de inconsciência de Lelay são de uma magnitude impressionante e que contraste com o habitual de Eastwood mas que nos devolve a mágoa que foi, em plena época natalícia, ligar o televisor e ver que do outro lado do mundo milhares perdiam a vida em segundos. A história de Marcus e Jase apela ao sentimentalismo que existe em todos nós ao se observar a sobrevivência de Marcus a um dos episódios mais traumáticos que algum de nós pode imaginar. Apenas George anda a flutuar como um fantasma pela história. Talvez fosse o objectivo: que a personagem "principal" não fosse mais do que um fantasma de carne e osso que vive na sombra e solidão da sua maldição.

Não traz respostas mas deixa as portas abertas para aquilo em que cada um de nós quiser acreditar.

Hereafter - Outra vida (2010)
Realizador: Clint Eastwood


Já agora, Jay Mohr (Billy) anda a repetir um pouco, não? Depois de "Em Contacto" passar a "Hereafter" é um pouco passar do Pólo Norte para o Alasca.

See you soon :)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu tenho andado desaparecida. Mas não se trata se me ter chateado com a vida para além da rotina de quem pensa que tem muito trabalho. Trata-se de andar à procura de um equilíbrio invisível, que me torne eficaz.

    Adiante.

    Mesmo assim, não estou tão 'out' que não tenha arranjado tempo para me arrastar às salas de cinema, ali do Monumental.

    Tenho andado a ver umas películas interessantes... Acho que não é exagero. (Fevereiro é o melhor mês para ir ao cinema.) Incluo, sem reticências, 'Hereafter', neste pacote dos interessantes.

    Eu julgo entender melhor Clint do que qualquer outro realizador. Acho que ele possuí uma dimensão importante de contenção e sobriedade, que valoriza o drama. Uma sensibilidade distante, quase insensibilidade. Um drama sem dramas. Como se não se importasse, como se nada importasse.

    'Hereafter' é de ver, independentemente do que quer que seja.

    Nota - O comentário que apaguei era semelhante a este, mas continha alguns erros e, por isso, resolvi reformulá-lo.

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