quarta-feira, 2 de março de 2011

Fwd: Eu, os Óscares e o Rei

Eu tenho uma relação de amor ódio com os Óscares. Parece-me bem começar assim. A verdade é que a cerimónia e os premiados à muito perderam o fascinio embora continuem um marco incontornável. Não se deve à crise ou à vontade de agradar a meio mundo e outro tanto mas já não há a surpresa dos prémios que foram entregues ou a avidez pela cerimónia. Talvez por isso nem me tenha esforçado para ver os filmes que estavam nomeados antes da noite de domingo.
 
Outro ponto engraçado entre mim e os Óscares é que raramente concordamos filmes que levam a estatueta de melhor filme para casa. Este ano não foi excepção.
 
Um filme merecedor de levar a estatueta dourada tem de ser arrebatador, de nos deixar sem folgo e tem de trazer algo novo. Num ano com filmes como Inception ganha o O Discurso do Rei. Não que seja um filme mau, que não é, tem uma boa história mas não é mais do que um "retrato" de uma época histórica que conta com interpretações acima da média. E é aqui que reside a grandeza do filme. Numa história com pouco ou nada de novo, colocam actores que sabem exactamente o que fazer, como estar e como dar vida a estas personagens. Mas o filme, por si só, não traz nada de novo, não nos falta soltar um "uau" ou pensar que será polémico ou continuar a falar dele. É um filme bom de se  ver e acredito que será dificil encontrar quem não goste dele (eu adorei o filme) apenas fica aquém do Óscar de melhor filme. Mas também o que é que eu percebo disto?
 
O Discurso do Rei leva-nos de volta à década de 30/40, ao mundo a sair de uma guerra e a entrar noutra, à família real mais tradicional que existe, ao filho mal amado, à dureza da vida de príncipe e aos métodos pouco ortodoxos de terapia da fala que um qualquer australiano adaptou. O Discurso do Rei é um filme que reúne tudo isto com humor e uma coerência estonteantes e umas interpretações que são uma delicia de ver.
 
Helena Bonham Carter tem neste filme mais uma grande personagem (foi um grande ano para ela como Rainha Vermelha e Bellatrix) o que só reforça que "não existem papeís pequenos, apenas actores mediocres", só é pena que a academia se recuse a dar-lhe o merecido Óscar.
 
Pormenores:
Ou muito me engano ou no ensaio da coroação tão depressa estão lá duas cadeiras como só está uma. Quando voltar a ver o filme eu confirmo.
 
A filmagem do tão falado discurso está tocante, não por ele ler o discurso, mas pelas filmagens dos diferentes ambientes, do povo à porta da II Guerra Mundial a tentar desesperadamente "beber" confiança nas palavras do Rei. Mudam-se os tempos, pouco se mudam as vontades
  
Adorei os pormenores da decoração:
A sala de decoração minimalista com um papel de parede marcante quando Lionel está a dizer à família que não foi correcto com um paciente.
A parede do consultório de Lionel torna-se quase personagem no filme, é impossível não reparar.
O contra-ponto entre o australiano Lionel e a maior descontração dos espaços onde se encontra, e a rigidez dos espaços onde andam os membros da família real.
 
See you soon. :)

Um comentário:

  1. Olá.

    Eu não vi todos os filmes.

    «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...»

    Não é bem verdade, neste contexto, mas é uma boa malha do Pessoa.

    Vi o filme que ganhou a noite. E gostei, tá claro. É de se gostar, mas, com sinceridade, estava a torcer pelo 'black swan', que é mesmo a minha onda! Está ali entre a dupla personalidade e a esquizofrenia, mas também mete traços de psicopata com anorexia bulímica... Isso sim, é de deixar o people inquieto.

    Viva os óscares e os bons filmes!

    ResponderExcluir